Líder nos carros, Lucas Moraes fez praticamente toda a especial iniciada em Bom Jesus sem direção hidráulica. Vitórias de Gastaldi/Sachs (carros); Leite/Miranda (UTVs) e Zavatti (motos)
Que a edição dos 30 anos do Sertões BRB seria mais do que nunca uma prova de resistência já se sabia desde a divulgação do roteiro, com 7.202 quilômetros (4.318 deles cronometrados). Pois o maior rally do mundo mostrou, na chegada ao Maranhão, que também exige superação de quem busca a vitória geral no sábado (10), em Salinópolis (PA).
Que o diga o líder nos carros, Lucas Moraes, ao lado do navegador Kaíque Bentivoglio (Toyota Hilux DKR T1+/MEM). Logo nos 10 primeiros quilômetros de uma especial cronometrada com 219, o rompimento de uma correia deixou o piloto sem direção hidráulica. E com a missão de acelerar uma máquina de duas toneladas com gigantescos pneus 37, justamente em um dia marcado por muita mão de obra: trechos travados e sinuosos; pedras, erosões, com pouquíssimas retas para descansar.
Não por acaso, Lucas completou o trecho contra o relógio completamente extenuado e cheio de bolhas nas mãos. Ainda havia um deslocamento de 278km para chegar a Balsas. Nele, o volante passou às mãos de Kaíque. A dupla ainda conseguiu fechar a 11ª etapa, batizada de Terra Garrida, na sexta posição. E conservou a primeira posição na geral. Com uma vantagem que, agora, dá esperanças a Marcos Baumgart e Kleber Cincea (Toyota Hilux IMA V8/X Rally). A segunda posição no estágio permitiu descontar 13 minutos da desvantagem – agora 8min33 separam os dois. A vitória na especial ficou com Marcelo Gastaldi e Cadu Sachs, no Buggy Century CR6 (Baja Tek).
Entre as motos, Bissinho Zavatti (Honda CRF 450RX/Honda Racing) mostrou que a melhor estratégia para administrar a liderança confortável é andar forte. O que valeu a quinta vitória de etapa ao paulista. Desta vez, oito segundos à frente de Ricardo Martins (Yamaha WR 450F/IMS Yamaha). No acumulado, Bissinho aparece 23min30 à frente do companheiro de equipe Martin Duplessis.
Com vários trechos de trial (piso bastante danificado e irregular), a etapa foi pesada para os UTVs. Alguns nomes de destaque que andaram entre os primeiros ao longo da prova ficaram pelo caminho: casos de André Hort/Idali Bosse e Henrique Gutierrez/Fabio Zeller. O dia foi de uma dupla que já havia enfrentado seu lote de problemas: Otávio Leite e João Filipe Miranda (Can-Am Maverick/Transmáquinas Racing). Por 21 segundos, bateram Bruno Varela e Gustavo Bortolanza (Can-Am Maverick/Varela Racing). Na briga pela liderança na geral, Rodrigo Luppi e Maykel Justo (terceiros na etapa) descontaram 1min16 da diferença para Rodrigo Varela e Matheus Mazzei. Que comandam a prova com 10min18 de vantagem.
A quinta-feira (8) também promete muito trabalho e desgaste para pilotos e navegadores. A 12ª etapa, batizada de ‘Céu Profundo’ levará a caravana do Sertões BRB de Balsas a Imperatriz. Com um início travado, seguido por regiões agrícolas, platôs e chapadões, alternando trechos de serra com vales. Ao longo do percurso, haverá muito sobe e desce para carros, motos e UTVs.
A antepenúltima cidade anfitriã do rally é a segunda maior do Maranhão. Banhada pelo Rio Tocantins, ela é um importante polo universitário e a porta de entrada para o Parque Nacional da Chapada das Mesas.
Etapa 11 – Terra Garrida – 7/9 – Quarta-feira
Bom Jesus (PI) – Balsas (MA)
DI – 57
TE – 219
DF – 278
TOTAL: 554
Resultados (extra-oficiais)
CARROS
1) #305 Marcelo Gastaldi/Cadu Sachs, Buggy Century CR6, (1)T1F, 2h23min57
2)#304 Marcos Baumgart/Kleber Cincea, Toyota Hilux IMA V8, (2)T1F, 2h26min48
3) #303 Sylvio de Barros/Rafael Capoani, Toyota Hilux IMA V8, (3)T1F, 2h31min33
4) #327 Rodrigo Aché/Luis Felipe Eckel, Ford Ranger V8, (1)T1B, 2h34min09
4) #350 Julio Capua/Bina Cavassin, Toyota Hilux Overdrive T1+, (4)T1F, 2h35min05
MOTOS
1) #06, Bissinho Zavatti, Honda CRF 450RX, (1)MT2, 2h46min09
2) #04 Ricardo Martins, Yamaha WR 450F, (1)MT1, 2h46min17
3) #19 Gabriel Soares, Honda CRF 450RX, (2)MT2, a 2h47min28
4) #21 Martin Duplessis (ARG), Honda CRF 450RX, (2)MT1, 2h48min08
5) #57 Tiago Fantozzi, KTM 450EXC, (3)MT2, 2h56min03
UTV
1) #209 Otávio Leite/João Filipe Miranda, Can-Am Maverick, (1)UT1, 2h40min58
2) #215 Bruno Varela/Gustavo Bortolanza, Can-Am Maverick, (2)UT1, 2h41min19
3) #227 Rodrigo Luppi/Maykel Justo, Can-Am Maverick, (3)UT1, 2h42min12
4) #212 João Pedro Franciosi/Cesar Valandro, (4)UT1, 2h43min02
3) #216 Rodrigo Varela/Matheus Mazzei, Can-Am Maverick, (5)UT1, 2h43min28
Classificação geral
CARROS
1) #323 Lucas Moraes/Kaíque Bentivoglio, Toyota Hilux Overdrive T1+, (1)T1F, 42h16min59
2) #304 Marcos Baumgart/Kleber Cincea, Toyota Hilux IMA V8, (2)T1F, a 8min33
3) #350 Julio Capua/Bina Cavassin, Toyota Hilux Overdrive T1+, (3)T1F, a 2h04min17
4) #305 Marcelo Gastaldi/Cadu Sachs, Buggy Century CR6, (4)T1F, a 2h43min46
5) #303 Sylvio de Barros/Rafael Capoani, Toyota Hilux IMA V8, (4)T1F, a 3h48min50
MOTOS
1) #06 Bissinho Zavatti, Honda CRF 450RX, (1)MT2, 46h12min22
2) #21 Martin Duplessis (ARG), Honda CRF 450RX, (1)MT1, a 23min30
3) #04 Ricardo Martins, Yamaha WR 450F, (2)MT1, a 26min31
4) #19 Gabriel Soares, Honda CRF 450RX, (2)MT2, a 1h27min01
5) #57 Tiago Fantozzi, KTM 450EXC, (3)MT2, a 1h36min50
UTV
1) #216 Rodrigo Varela/Matheus Mazzei, Can-Am Maverick, (1)UT1, 46h40min58
2) #227 Rodrigo Luppi/Maykel Justo, Can-Am Maverick, (2)UT1, a 10min18
3) #215 Bruno Varela/Gustavo Bortolanza, Can-Am Maverick, (3)UT1, a 32min29
3) #206 Gabriel Cestari/Jhonatan Ardigo, Polaris RZR Pro R, (4)UT1, a 43min15
5) #207 Gabriel Varela/Daniel Spolidorio, Can-Am Maverick, (5)UT1, a 46min07
O que eles disseram:
Lucas Moraes, líder na geral Carros
“Não sei como ainda lideramos. Hoje foi a etapa mais difícil da minha vida. Com 10 quilômetros de especial ficamos sem direção hidráulica e tudo que é positivo em nosso carro, como os pneus 37, se tornou uma dificuldade a mais. E o pior é que não tinha uma reta para poder descansar um pouco, hoje era muito sinuoso. Várias vezes achei que fosse acertar umas árvores no caminho, trouxe na raça e na superação. Terminei passando mal e o Kaíque foi ainda mais parceiro trazendo o carro no deslocamento”.
Cadu Sachs, vencedor da etapa Carros
“Foi uma etapa muito travada, com pedras; na teoria não favorecia nosso carro, que é mais largo, mas viemos bem e vencemos mais essa. Andamos sem pressão depois dos problemas da véspera (alternador) e isso também ajudou”.
Bissinho Zavatti, vencedor da etapa e líder na geral Motos
“Foi uma surpresa para mim levar hoje, eu procurei fazer a minha prova, sempre pensando na vantagem que tenho na geral. O começo era mais rápido, depois descemos uma serra bastante sinuosa e vieram os trechos com pedras e erosões. Mais um dia superado e um a menos para o fim do rally”.
Tiago Fantozzi, quinto na geral Motos
“Hoje foi punk, muito travado e eu já estou sentindo o cansaço, dolorido; fiquei muito tempo sem competir, mas continuo próximo dos caras. Estamos indo”.
Otávio Leite, vencedor da etapa UTV
“Nem sei como conseguimos ser os mais rápidos da etapa. Acertei uma pedra e achei que nosso dia terminaria ali. Depois a mangueira do turbo se soltou e o motor ainda entrou em modo de segurança. Mas é bom vencer depois de tantos problemas que tivemos. Amanhã (quinta-feira) seremos os primeiros a largar e não vamos sofrer com a poeira”.
Etapa 12 – Céu Profundo – 8/9 – Quinta-feira
Balsas (MA) – Imperatriz (MA)
DI – 12
TE – 156
DF – 238
TOTAL: 406
O maior Sertões da história segue sua jornada rumo ao “Portal da Amazônia”, a cidade de Imperatriz, mas até chegar lá os competidores irão encarar uma verdadeira montanha russa.
De emoções, mas também de subidas e descidas. Isso porque a etapa é repleta de serras e vales, chapadões e platôs um “sobe desce” de piçarra com areia que irá cansar até os mais experientes. De um ponto de vista otimista, são chapadões e platôs que dão sentido ao nome da etapa. Dos altos e baixos da etapa se pode ver um “Céu Profundo”.
Ao final da “montanha russa do Sertões”, a caravana chega até a cidade de Imperatriz, um polo cultural do Maranhão que leva esse nome em homenagem à imperatriz Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II e conhecida como a “mãe dos brasileiros”. Mas, cá, entre nós, quem impera por lá é Rayssa Leal, a “fadinha do skate”, a mais jovem medalhista olímpica do Brasil.
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Fonte: Comunicação Sertões BRB 30 anos|Meg Cotrim