Ciesp lança Grupo de Sustentabilidade Corporativa do ABCD para que empresas possam trocar experiências de ESG
O uso de matéria-prima de maior durabilidade para diminuir o descarte do produto final, a aproximação com a comunidade com um olhar voltado à educação e a intensificação no cuidado com dados de clientes, fornecedores e funcionários foram alguns dos exemplos citados nesta terça (14), em Diadema, durante a palestra “ESG da Teoria à Prática nas Empresas”, do empresário Marcos Andrade, 1º diretor secretário do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Cerca de 80 empresários e lideranças da região do ABCD participaram do evento, que também lançou o Grupo de Sustentabilidade Corporativa para a troca de experiências sobre o tema entre as empresas.
Durante a palestra, Andrade, que é diretor da Expor Manequins, líder de mercado na América Latina, contou sobre experiências pessoais e exemplos de outras empresas sobre como adaptar indústrias a uma nova realidade de mercado. O ESG é um conjunto de práticas de Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa e faz parte de um movimento internacional de boas práticas no mundo dos negócios.
O diretor do Ciesp contou que apesar de ser pequena e focada no B2B (de empresa para empresa), sua indústria, hoje com cerca de 200 funcionários, sempre foi muito antenada com as tendências mundiais, também com o foco em se tornar competitiva, o que acabou por direcionar a marca para o ESG naturalmente, mesmo antes da disseminação da sigla nos negócios.
Em 1995, por exemplo, sua empresa decidiu trocar a fibra de vidro pelo material Plex-T, que é inquebrável, para a fabricação dos manequins. Como o carro-forte da empresa são as exportações, a mudança foi pensada, primeiramente, para garantir a melhor qualidade dos produtos, que muitas vezes chegavam quebrados ao consumidor devido aos longos deslocamentos. O fato de tratar-se de um material biodegradável, no entanto, acabou rendendo à indústria, que fica em Avaré, um prêmio na Alemanha pela utilização de material 100% reciclável. Além disso, o negócio também investiu em energias alternativas e hoje já conta com 70% do seu funcionamento à base de energia solar. A empresa também apostou em automação e impressoras 3D.
No aspecto da responsabilidade social, Marcos ressalta a importância das indústrias se atentarem ao bom clima organizacional para seus funcionários e também para a vizinhança do entorno. Em Avaré, sua indústria, criou um espaço cybercafé para os funcionários, concede descontos de 80% no material escolar para os funcionários que apresentam o boletim escolar dos filhos e promove premiações para estimular o bom desempenho escolar das crianças e jovens.
“Eu sou um empresário como vocês, numa empresa que vai fazer 54 anos e que para sobreviver teve que se adaptar. Já dizia o Darwin que quem vai sobreviver não é quem é mais forte ou mais rápido, mas quem melhor se adapta. Mais de 70% das empresas estão indo para o ESG por causa da reputação e imagem. Os clientes esperam isso, o que é uma grande motivação. Isso pode ser um diferencial competitivo”, disse Marcos durante a palestra.
O empresário também destacou a preocupação com a governança e citou o respeito à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Ele lembrou que a lei, que deve começar a aplicar sanções ainda este ano deve ser observada também no ambiente físico, e não apenas no virtual. Documentos e dados dos funcionários, por exemplo, devem ser guardados de forma segura pelos RHs sob pena de expor os profissionais.
Ele também citou a responsabilidade das empresas em se atentar ao comportamento das empresas com quem mantém negócios e citou como exemplo fabricantes de vinho do Rio Grande do Sul que estão passando por boicote dos consumidores e que terão que pagar multa de R＄ 7 milhões após terem um dos fornecedores flagrados mantendo trabalhadores em condições análogas à escravidão.
Outro exemplo lembrado por Marcos de experiência ruim no mercado foi o de uma seguradora de veículos que teve seu sistema de dados invadido por hackers e não conseguia responder às perguntas básicas dos seus clientes durante os dias em que tentou reverter a crise.
Para ele, as empresas devem estar preparadas para prevenir e resolver crises. “Você atravessa rua? Se você atravessa rua, você faz gestão de risco. Não sei se vocês viram que mudou a regra das Cipas [Comissões Internas de Prevenção de Acidentes] e elas também vão passar a atuar com denúncias de assédio. Toda empresa com mais de 20 funcionários vai ter que ter um canal de denúncias”, disse Marcos.
Grupo de Sustentabilidade Corporativa
Ao final da palestra, foi lançado o Grupo de Sustentabilidade Corporativa que visa a troca de experiências entre empresas sobre o tema.
Segundo Anuar Dequech Júnior, diretor titular do Ciesp Diadema, a ideia de formar um grupo surgiu a partir de um bate-papo entre representantes das empresas do ABCD. “É uma demanda que surgiu junto a matrizes e fornecedores e o Ciesp pode nos ajudar com a sua capilaridade e sua capacidade de dialogar com órgãos, além de poder oferecer suporte com cursos e treinamentos que podemos prover para incentivar a apoiar o ESG nas nossas empresas associadas”, disse.
Inicialmente, um projeto-piloto foi formado pelas empresas Autometral, Prensas Shuler Diadema, Davene, Universo Tintas, Produflex e Rodhia. Segundo Samuelson Gonçalves, coordenador do Sistema Integrado de Gestão da Autometal, a ideia é estimular para que as empresas possam pensar juntas em soluções customizadas a partir de sua própria realidade. “Nós podemos adaptar nossos negócios a esta pauta. Nosso grupo será formado por pessoas que não sabem de tudo, mas que estão dispostas a aprender, desenvolver temas em conjunto”, disse Gonçalves.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Ciesp | Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação
