“Senna dribla favoritismo da Williams e leva pela 2ª vez o Grande Prêmio do Brasil”
O dia 28 de Março de 1993 é um daqueles dias que jamais sairá da memória e do coração do torcedor brasileiro que esteve em Interlagos e que também acompanhou o Grande Prêmio do Brasil pela TV.
O Grande Prêmio do Brasil de 1993, 2ª etapa do mundial de F1, mostrava amplo favoritismo para a equipe Williams, em especial para o francês Alain Prost, pois era sem dúvida, o melhor carro da temporada.
A Williams tinha o melhor carro, mas Senna era o melhor piloto, muita gente dizendo que Ayrton não teria chances de vencer em casa pela 2ª vez, e que seria um fim de semana marcado pela festa da equipe Williams.
Alain Prost, a princípio, confirmava o favoritismo e as expectativas ao cravar a pole position em Interlagos, com 1:15:866, enquanto Damon Hill colocava a outra Williams na 2ª posição, e Ayrton Senna, extraindo tudo de sua McLaren, conquistou o 3° lugar no grid de largada.
Luz verde, largada autorizada, Ayrton Senna não conseguiu ultrapassar Alain Prost na largada, mas superou a outra Williams do seu companheiro de equipe, o inglês Damon Hill, assumindo a 2ª posição, enquanto uma violenta batida acontecida no S do Senna entre a Ferrari do austríaco Gehard Berger e a outra McLaren do norte americano Michael Andretti, que chegou a ser levado de helicóptero para o hospital, com suspeita de fratura em um dos braços.
A situação estava complicada para Senna, pois as Williams eram carro muito superiores a sua McLaren, e ele já vinha sofrendo uma pressão da Beneton do alemão Michael Schumacher. Como diz o ditado: Não há nada ruim que não possa piorar!
Além de não ter como lutar de igual para igual contra as Williams, e sofrendo pressão de Schumacher, Senna na volta 25 tem que parar nos boxes para cumprir uma punição de Stop And Go, por ter feito uma ultrapassagem sob bandeira amarela.
Para quem não sabe, esta punição Stop And Go, traduzindo literalmente como “Pare e Vai” faz o piloto perder muito mais do que os 10 segundos que lhe é imposta, pois conta o tempo de desaceleração ao entrar nos boxes, o piloto ter que respeitar o limite de velocidade nos boxes parar por 10 segundos e perder tempo na volta de saída dos boxes.
Tudo parecia ter definitivamente ido por água a baixo, mas 3 voltas depois veio a chuva forte em Interlagos, aquela chuva que Senna tanto gostava e debaixo da mesma que deu tantos shows na F1. Será que a chuva ajudaria Ayrton a vencer pela 2ª vez em casa? Senna foi o 1° a entrar para trocar os pneus slick para os pneus biscoito, os de chuva extrema, enquanto Prost apontou para os boxes e tirou, andando mais uma volta de slick em pista enxarcada, o que causaria uma perda de tempo imensa ao francês.
A chuva era tão forte, que carros começavam a aquaplanar em plena reta dos boxes, situação de extremo perigo para quem está parado e para quem vem acelerando.
O 1° a aquaplanar foi o piloto japonês Aguri Suzuki, com sua Footwork, que ficou atravessada no meio da reta dos boxes, enquanto os carros vinham rasgando ao seu redor.
A aquaplanagem acontece quando em uma situação de chuva extrema, cria-se uma camada de água entre o asfalto e o pneu em que o pneu perde o contato com o asfalto, fazendo com que o piloto vire passageiro do carro, o que estava acontecendo naquele momento da prova.
Alain Prost, que era um piloto que tinha horror à pista molhada, escorrega no S do Senna, acerta a Minardi de Christian Fittipaldi e fica atolado na caixa de britas, era o fim do sonho da 7ª vitória de Prost no Brasil.
A chuva vinha diminuindo, a briga estava aberta entre Damon Hill e Ayrton Senna, Senna escolheu parar e voltar para os pneus slick, pois quando o pneu de chuva passa a andar no seco, ele super aquece, se deteriorando e perdendo performance rapidamente.
Senna volta atrás de Damon Hill, e logo na volta 41, na curva do Laranjinha, entrada do setor misto de Interlagos, dá o drible da vaca em Damon Hill, ameaça ir por fora, mergulha por dentro e assume a ponta da corrida, para festa da torcida.
Dali em diante foi administrar a vantagem para Damon Hill, enquanto a briga pelo pódio estava ferrenha entre o alemão Michael Schumacher e o inglês Johnny Herbert, e ao final Michael Schumacher levou a melhor sobre o inglês, ao ultrapassá-lo na freada do S do Senna.
Volta final, Ayrton Senna abre na liderança, já sendo saudado pelo público nas arquibancadas, acenando para as câmeras e sendo esperado novamente por Mihaly Hidasy para a tão sonhada bandeirada da vitória.
Galvão a plenos pulmões gritava ” Ele vem pela subida, Mihaly Hidasy aguarda com a bamdeira quadriculada. Aí vem Senna na reta, é o final da prova! Ayrton Senna na ponta dos dedos Ayrton Ayrton Ayyyyyyrton Senna do Brasil!!! Ele pede a bandeira, repete o ritual, vai Ayrton Senna, vai à loucura a arquibancada em Interlagos”!!!
Ayrton Senna mais uma vez vencia o Grande Prêmio do Brasil, desta vez de forma inesperada, mas outra vitória regada de muita emoção, chuva, novamente pegou e empunhou a bandeira brasileira na volta da vitória.
Ao chegar na Reta Oposta, a torcida já tinha invadido a pista, para comemorar e estar próximo de seu ídolo. Vendo que não conseguiria completar a volta da vitória devido a tanta gente ao redor, na frente e atrás de seu carro, ele sai do carro e é erguido nos braços pelos torcedores, era SENNA NOS BRAÇOS DO POVO!!! Uma imagem jamais vista na história da F1.
Senna teve que ser levado pelo Safety Car de volta aos boxes para a cerimônia de premiação no pódio, em um Tempra 16 Válvulas, pois não conseguiria retornar com seu carro em meio ao mar de gente que tomou conta da Reta Oposta. Na volta aos boxes, abriu a janela e foi para o lado de fora.
Galvão Bueno resumiu muito bem aquele momento, dizendo ” Ele não se contém e vai para fora do carro! Senna é isso, ele é todo emoção, é todo coração! Esta é a grande paixão de sua vida! Ayrton Senna um vencedor”!!!
Já no pódio, foi recebido por seu grande amigo, o pentacampeão mundial de F1, o argentino Juan Manuel Fangio (1951 1954 1955 1956 1957), que lhe entregou o troféu de vencedor do Grande Prêmio do Brasil.
A amizade de Senna e Fangio era tão grande que ao ser tricampeão mundial em 20 de Outubro de 1991, em Suzuka, no Japão, Senna na volta ao Brasil, parou em Buenos Aires para jantar com Fangio.
A vitória em Interlagos 1993 foi a 37ª de Senna na F1 e esta vitória lhe deu a liderança do mundial de F1, 16 pontos contra 10 de Alain Prost, que venceu em Kyalami, na abertura do campeonato, enquanto Senna foi 2°.
Esta foi a 2ª e infelizmente última vitória de Senna diante de seu público, mas não importa quanto tempo passe, imagens como estas ficarão eternizadas na memória e no coração do torcedor naquele 28 de Março de 1993!!!
Airton é insubstituível, único e inesquecível. Parabéns, Marcelo em poder me fazer recordar desse momento maravilhoso!!
Grande Ayrton Senna
Como é bom recordar esses momentos!
Grata mais uma
vez pelo excelente texto, Marcelo.
Bela reportagem Má!! É sempre bom relembrar Ayrton Senna. Parabéns 👏👏👏👏👏
Emocionante, bela reportagem , detalhes dessa grande Vitória do (yhe king of rain)
Senna conversava com a água da chuva, o controle q ele tinha era surreal. E nessa corrida épica, foi mais um capítulo , de como guiar na chuva.
Parabéns pela matéria, pois você sempre gostou da F1, podendo expor seu conhecimento no assunto com uma memória impecável.
“Un giorno da ricordare”, ditia um italiano.
Marcelo Maranello, além do conhecimento enciclopédico da F1 imprime uma emoção tocante no texto.
Parabéns.
Ayrton Senna, tinha essa capacidade de fazer o carro superar todos os limites e se impor sobre o carro do adversário, mesmo que este tivesse mais recursos. Marcelo Maranello, meio que faz o mesmo ao escrever, ele faz com que a letra impressa, supere seus limites e nos traga os sons e as imagens do fato narrado, da pra ouvir os motores, ver o capacete de Senna, dentro da Mclaren, se assustar com a batida entre Berger e Andretti, sentir a chuva, o desespero de Prost e o erro ao fazer mais uma volta com pneus slick, a pressão do Alemão, o shoc com Cristian e Wllians atolada, a vibração da torcida e a emoção de ver Senna, mais uma vez, no topo do podium. Parabéns Marcelo “de Senna” Maranello, nosso Ayrton da imprensa escrita automobilística.
Texto extremamente imersivo, relembrar é viver.
Sempre muito bom relembrar esse dia
O Piquet morre de inveja.
Momento épico do automobilismo mundial.
Esse dia foi histórico na F-1 e na carreira do Senna, Interlagos sempre nos guarda uma caixinha de surpresa, imagem inesquecível do Senna no meio do povo que invadiu a pista, isso não acontecerá mais diante aos nossos olhos. Parabéns pela matéria Marcelo!!!!!
Não existe… a mínima chance de esquecer o dia e nem a pessoa 😃 um verdadeiro representante Brasileiro, que não importava o que acontecia, ele só queria carregar a nossa bandeira Verde e Amarela 🇧🇷 obrigado Ayrton Senna do Brasil.
Inesquecível,mas ler tuas matérias faz a gente reviver cada segundo,cada volta, obrigado @marcelomaranello, abraço aqui de Bagé
Como esquecer do dia 28/03/93?!
Obrigado pela matéria, seu Marcelo!
Foram momentos emocionantes e inesquecíveis!
Brilhante! Parabéns por trazer de volta essas lembranças
Momento histórico e emocionante. Parabéns pelo ótimo texto. Márcio
A IMAGEM MAIS IMPACTANTE APOS VITORIA NA HISTORIA DO AUTOMOBILISMO!!!