Empenho do fundador e do administrador do Autódromo de Tarumã receberam homenagem da categoria
O regresso da Stock Car Pro Series neste fim de semana ao Autódromo Internacional de Tarumã, onde a categoria nasceu, em 1979, e onde correrá depois de um hiato de quase seis anos, também tem sido uma oportunidade de reconhecer e reverenciar o legado de gaúchos que fizeram muito pelo automobilismo nacional. É o caso de Antônio Pegoraro (1924-2013) e Rodrigo Machado, homenageados nesta sexta-feira (19) no circuito localizado em Viamão, na Grande Porto Alegre.
Filhos do fundador e grande incentivador para a construção do autódromo, os ex-pilotos Sérgio (74 anos) e Cézar Pegoraro (73) receberam uma placa em homenagem ao pai das mãos de Fernando Julianelli, CEO da Vicar. Já Paulo Vidaleti, vice-presidente do Automóvel Clube do Rio Grande do Sul e também de Tarumã, representou Rodrigo Machado, gestor do complexo e um dos responsáveis por trazer de volta ao circuito a Stock Car. Machado não pôde comparecer por problemas pessoais.
Mais velho dos filhos de Antônio, Sérgio se emocionou por ver o nome do pai ser novamente exaltado. “É uma honra para nós, como filhos, receber uma homenagem dessas ao nosso pai, que não está mais aqui. Não faltaram homenagens a ele em vida, mas é muito feliz que, passado esses dez anos do falecimento dele, ver o reconhecimento pelo esforço dele em construir esse monumento. Somos muito gratos à Stock Car por essa homenagem”.
“A Stock Car é a mãe das categorias no Brasil. E vê-la dedicando uma homenagem ao nosso pai, que construiu Tarumã, é muito legal e também um enorme reconhecimento”, complementou Cézar ‘Bocão’ Pegoraro.
Com trajetória em competições regionais de turismo como piloto, Rodrigo Machado é engenheiro mecânico de formação e ocupa atualmente a função de Presidente do Automóvel Clube do Rio Grande do Sul, além de ser o gestor do Autódromo Internacional de Tarumã. Em parceria com a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo),
Rodrigo foi um dos precursores das recentes obras de melhorias na segurança do circuito, possibilitando o retorno da Stock Car, que não corria na pista desde 2017.
“Sou suspeito em falar, mas tanto eu como o Rodrigo recebemos com alegria essa homenagem, assim como o Sérgio e o ‘Bocão’, com enorme alegria em razão do renascimento da essência verdadeira do automobilismo. Pode ter certeza que a Stock Car está promovendo aqui o automobilismo ‘raiz’ ao voltar ao berço dela, que é Tarumã. Esse templo aqui tem alma”, disse Paulo.
Doações ajudaram na construção — Antônio Pegoraro é um dos principais responsáveis pela existência do Autódromo de Tarumã, fundado no início da década de 1970 e financiado por doações de fãs e praticantes do automobilismo. Dois anos antes, um acidente trágico nas 12 Horas de Porto Alegre, realizadas nas ruas da capital do Rio Grande do Sul, levou à proibição de provas em vias públicas pelo governo local. Foi o impulso final para o projeto que vinha sendo gestado pelo Automóvel Clube do Rio Grande do Sul desde a década de 1950. A inauguração foi em oito de novembro de 1970, com participação de Cézar Pegoraro e vitória do paulista Jayme Silva, a bordo de um Alfa Romeo Fúria.
Antes de fazer história com a fundação de Tarumã, Antônio Pegoraro era ‘figurinha carimbada’ das corridas em pistas de rua, tradicionais no Brasil e no mundo em meados do século passado, quando competia de Citroën, nos anos 1950, e de Simca e JK, na década de 1960, quase sempre com o numeral 17 estampado no carro.
A trajetória de Antônio como piloto foi o incentivo para que os filhos também seguissem carreira nas pistas desde o kartismo, nos anos 1960. Cézar e Sérgio Pegoraro foram companheiros de equipe do pai anos depois e, futuramente, também disputaram títulos um contra o outro.
Em 1971, Antônio Pegoraro e os filhos defenderam juntos a equipe Renner no primeiro ano de existência da Fórmula Ford no Brasil. Sérgio e Cezar disputaram títulos um contra o outro correndo de Volkswagen Passat, no início da década de 1980. Também naquele período, ‘Bocão’ competiu por três anos no antigo Brasileiro de Fórmula 2 e foi campeão em 1984. Cézar ainda participou de uma corrida da Stock Car, em Tarumã, no ano de 1985, com o terceiro carro da equipe de Rosinei Campos, o lendário ‘Meinha’. Cézar terminou a prova na quarta colocação na sua única passagem dele na categoria. ‘Bocão’ também obteve sucesso na Fórmula 3 Sul-Americana, conquistando duas vitórias.