Todo fã de apaixonado por F1 e que acompanha suas corridas pelos circuitos do mundo inteiro, sabe muito bem que as corridas nas apertadas ruas do principado de Mônaco tendem a ser algo monótono e sem muitas novidades ao longo de suas 78 voltas.

Porém, o Grande Prêmio de Mônaco de 1984, disputado há exatos 39 anos, em 3 de Junho de 1984 entrou para a história, pois um jovem piloto brasileiro, de 24 anos, morador da Zona Norte de São Paulo resolveu roubar a cena, um tal de Ayrton Senna, você leitor, já ouviu falar?

Com o passar dos anos, todos viram a genialidade de Ayrton Senna em guiar em pista molhada em circuitos de baixa, circuitos de alta, circuitos de rua como Mônaco naquela ocasião. Mas por qual razão Senna tinha se tornado um obcecado para andar bem na chuva? Ele mesmo dizia que em uma corrida de kart, quando começou a chover ele rodou e perdeu a corrida, e sedento por vitórias que sempre foi, toda vez que começava a chover, ele pegava seu kart e ia logo para o kartódromo de Interlagos treinar para melhorar a cada dia na chuva, e o resultado vimos anos depois.

Ayrton Senna estreou naquele ano de 1984 na F1 e Mônaco foi a 1ª grande oportunidade de mostrar seu talento na chuva na F1, e ele não fez feio. A largada foi adiada em 45 minutos devido à chuva torrencial que caía sobre o Circuito de Monte Carlo, o francês Alain Prost largou na pole position, ao lado do inglês Nigel Mansell, da Lotus.

Largada autorizada debaixo de tempestade, os pilotos mesmo os mais experientes sofriam para se manter na pista em linha reta, fugindo do spray à sua frente, muitos grandes ficando pelo caminho, acertando os guardrails, rodando, saindo da pista. As condições da pista eram arriscadas, extremas e assustadoras, mas não para Ayrton que vinha guiando com maestria, talento e arrojo em um carro fraco em seu ano de estreia na F1.

Uma de suas vítimas na pista foi o finlandês Keke Rosberg, campeão mundial de F1 de 1982 com a Williams, Keke é finlandês e está acostumado a dirigir em condições extremas, lembrando que seu país, a Finlândia, que fica na Escandinávia, no Círculo Polar Ártico, possui estradas congeladas durante a maior parte do ano, mas nem este know how em pistas em condições extremas foi suficiente para Keke segurar Ayrton.

Ayrton estava em 3° e à sua frente, nada mais nada menos do que o bicampeão mundial Niki Lauda, ele que foi campeão em 1975 e 1977 com a Ferrari, Ayrton se importou com isso? Não, nem um pouco, no final da reta dos boxes botou por fora e deu um passadão no bicampeão por fora na freada da Sainte Devote, curva 1 do circuito.

O que Ayrton vinha fazendo assombrava todos os torcedores e imprensa do mundo inteiro ali presentes, que assistiam atônitos o show daquele jovem, talentoso e atrevido brasileiro de capacete amarelo na pista, como se todos ao seu redor estivessem parados, em transe, enquanto Ayrton desfilava seu talento pelas ruas do principado.

Não fora suficiente a aula de pilotagem, na volta 24 Ayrton Senna fez a volta mais rápida da prova, com 1:54:334, e partiu definitivamente para a vitória em cima de seu futuro arqui rival, o francês Alain Prost na McLaren.

Todos sabem que Prost nunca foi um grande piloto em pista molhada e a diferença para Senna vinha caindo de forma vertiginosa.

Quando Senna estava perto de ultrapassar o francês na volta 31, o diretor de provas, o ex piloto belga, 6 vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans, Jacky Icks interrompeu a prova por causa da chuva forte. Prost parou antes da bandeirada, Senna seguiu e cruzou a linha de chegada antes de Prost e comemorou a vitória, mas ao chegar aos boxes, viu que a mão pesada da politicagem da F1 pesava sobre ele pela 1ª vez e Alain Prost foi declarado vencedor em Mônaco. Quando dizemos mão pesada, politicagem, leia-se o nome do francês Jean Marie Ballestre, ex presidente da FISA, hoje FIA.

A prova por ter sido encerrada com menos de 75% de sua totalidade, como manda o regulamento, os pontos foram computados pela metade, 4,5 para Prost e 3 para Senna. Parece castigo, pois ao final da temporada de 1984, Alain Prost perdeu o campeonato para seu companheiro de equipe, o austríaco Niki Lauda por 0,5. Se a prova de Mônaco tivesse seguido, Senna teria vencido, marcando 9 pontos com Prost em segundo, marcando 6, e talvez o resultado final do campeonato para Prost teria sido diferente.

Independente do resultado final, ali a F1 via o 1°dos 80 pódios de Senna na F1, o nascimento não apenas de um jovem grande talento, mas do melhor piloto de todos os tempos e este piloto dizia ao mundo da F1: Muito prazer, meu nome é Ayrton Senna da Silva e serei o melhor piloto da história! E assim se concretizou.

Compartilhar

16 comentários em “Prazer, meu nome é Ayrton Senna da Silva!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site é protegido por reCAPTCHA e pelo Googlepolítica de Privacidade eTermos de serviço aplicar.

The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.