Nesta terça-feira (2), o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FED, na sigla em inglês), o Banco Central norte-americano, iniciou uma reunião de dois dias que deverá formalizar os termos da retirada gradual dos estímulos econômicos criados durante a pandemia de covid-19, segundo a Folha de São Paulo.
De acordo com a mídia, neste momento, o FED realiza compras mensais de US$ 120 bilhões (R$ 677 bilhões) em títulos hipotecários e do Tesouro norte-americano para garantir liquidez ao mercado e, assim, amenizar os efeitos do esfriamento da atividade econômica em meio às restrições geradas pela crise sanitária.
Entretanto, com a pandemia perdendo força devido às campanhas de vacinação, o banco começará a diminuir a ação. Esse encurtamento do fluxo de recursos destinado ao mercado dos EUA tem como consequência a redução da disponibilidade global de dinheiro para investimentos.
Diante desse cenário, economias emergentes, como a brasileira, tendem a ser afetadas pela diminuição da liquidez mundial. Com menos dinheiro disponível, investidores passam a restringir os valores que destinam a aplicações consideradas mais arriscadas.
“Uma mudança na política monetária nos Estados Unidos levaria à saída de capital dos países emergentes. Logo, a desvalorização cambial pressionaria a inflação. O remédio seria o aumento maior da taxa de juros”, avaliou a Suno, empresa de investimentos brasileira citada pela mídia.
“A nossa bolsa já está muito descontada, é a que mais tem caído quando a comparação é feita em dólares. O Fed afeta o Brasil, mas isso pode já estar precificado e o investidor passará a semana mais atento à PEC dos precatórios”, disse Rachel de Sá, chefe de economia da empresa de investimentos Rico.
Na visão de especialistas, o Brasil poderia reduzir significativamente a pressão sobre câmbio e bolsa se conseguisse transmitir credibilidade quanto à sua política fiscal.
No entanto, o ambiente de negócios no Brasil vem se deteriorando rapidamente desde 7 setembro, quando manifestações anteciparam o debate eleitoral e intensificaram ameaças à democraceia.
A economia brasileira se afunila de forma progressiva, prejudicada por cenários políticos e fiscais conturbados e por uma inflação de difícil controle. A decisão do Banco Central norte-americano pode fazer com que o país enfrente um ambiente global mais desafiador a partir desta semana.
A expectativa é que a redução seja de aproximadamente US$ 20 bilhões (R$ 113 bilhões) por mês, o que extinguiria o programa em meados de 2022.