12 de Outubro de 2003 – O improvável se torna real

Michael Schumacher conquista o 6° título mundial da F1 e supera Juan Manuel Fangio

A temporada de 2003 ficará para sempre marcada pelo improvável, o equilíbrio, as disputas ferrenhas e por ter tido 8 pilotos diferentes vencendo corridas (Michael Schumacher, Rubens Barrichello, Kimi Raikkonen, David Coulthard, Juan Pablo Montoya, Ralf Schumacher, Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella) e 5 equipes (Ferrari, McLaren, Williams, Renault e Jordan) no degrau mais alto do pódio.

A F1 2003 foi marcada também pelas estreias de dois brasileiros: Cristiano da Matta, piloto mineiro da Toyota, que teve como companheiro de equipe, o francês Olivier Panis e o Jungle Boy, o amazonense Antônio Pizzonia, que correu na equipe Jaguar tendo como companheiro de equipe, o australiano Mark Webber.

Diferente de 2002, quando a Ferrari dominou de forma esmagadora o campeonato, não vencendo apenas dois GPs, o da Malásia, vencido por Ralf Schumacher, da Williams, e o GP de Mônaco, vencido pelo escocês David Coulthard, da McLaren.

O ano de 2003 marcou a última vitória de David Coulthard na F1, no GP da Austrália, no dia 09 de Março, no circuito de Albert Park, em Melbourne, na Austrália, tivemos no pódio Juan Pablo Montoya e Kimi Raikkonen, nenhuma Ferrari, fato que fez com que os jornais estampassem na capa “A F1 renasce”.

Vimos no GP da Malásia a 1ª pole position do piloto espanhol Fernando Alonso, da Renault com 1:37:044, seu 1° pódio na F1 com um 3° lugar, e a 1ª vitória do finlandês Kimi Raikkonen, que se juntou à McLaren em 2002, substituindo seu compatriota, o bicampeão Mika Hakkinen, que se retirou da categoria ao final da temporada de 2001.

O GP Brasil, 3ª etapa da temporada, viu depois de 9 anos um brasileiro largando na pole, com Rubens Barrichello, que cravou 1:13:807 contra 1:13:818 de David Coulthard, era a 1ª pole brasileira em Interlagos desde Ayrton Senna, em sua estreia pela Williams em 26 de Março de 1994, quando marcou a pole com 1:15:962.

A corrida do Brasil disputada debaixo de temporal, sendo bem conturbada e marcada por acidentes fortes, como os de Fernando Alonso e Mark Webber na curva do Café, encerrou sob bandeira vermelha e a vitória dada erroneamente a Kimi Raikkonen, engano desfeito, fazendo com que o verdadeiro vencedor, o italiano Giancarlo Fisichella, da Jordan, recebesse seu troféu de campeão apenas em Ímola, após reanálise das posições de pista momentos antes do acidente e da bandeira vermelha.

O GP de Ímola, onde Fisichella recebeu o troféu de sua 1ª vitória na F1, foi marcado pela tristeza da família Schumacher, pois Michael Schumacher e seu irmão Ralf perderam sua mãe Elizabeth Schumacher naquele final de semana.

Apesar do luto, eles correram e Michael Schumacher enfim venceu sua primeira corrida na temporada de 2003, assim como venceu também a corrida seguinte em Barcelona, na Espanha, no circuito de Montmeló.

O GP de Mônaco, no dia 1° de Junho, após 10 anos, teve a vitória de 1 piloto sulamericano, o colombiano Juan Pablo Montoya venceu com a Williams, o último sulamericano a vencer um GP em Mônaco tinha sido Ayrton Senna, em 23 de Maio de 1993, quando superou as 5 vitórias de Graham Hill.

Os GPs do Canadá, no circuito Gilles Villeneuve e da Áustria, no circuito de A1 Ring, tiveram vitórias de Michael Schumacher, inclusive, aquela foi a última prova na Áustria até o seu retorno ao calendário em 2014, no fim de semana de 20, 21 e 22 de Junho.

Os Grandes Prêmios da Europa, em Nürburgring e da França, no Circuit de Nevers, em Magny Cours, tiveram vitórias de Ralf Schumacher, sendo estas duas as últimas do Schumacher mais novo na F1, Ralf conquistou 6 vitórias no total, mesmo número do lendário Gilles Villeneuve, morto em 08 de Maio de 1982, em Zolder, na Bélgica.

O GP da Inglaterra marcou também a 6ª vitória de Rubens Barrichello na F1, de forma heróica e arrojada, enquanto seu companheiro de equipe, o alemão Michael Schumacher, 5° no grid de largada, terminou a prova na 4ª posição, em uma corrida extremamente discreta.

O GP da Alemanha no circuito de Hockenheimering Baden Würtemberg teve hat trick do colombiano Juan Pablo Montoya da Williams, ou seja, o colombiano fez a pole 1:15:167, a volta mais rápida 1:14:917 e venceu a corrida, corrida que teve pela última vez dois carros da Williams largando juntos na primeira fila do grid, feito que só voltou a se repetir em 21 de Junho de 2014, quando Felipe Massa e Valtteri Bottas dominaram a primeira fila, com Felipe na pole position, com 1:08:759.

O GP da Hungria, no fim de semana de 22, 23,24 de Agosto marcou a primeira vitória de um piloto espanhol na F1, Fernando Alonso Díaz, nascido em Oviedo na Espanha, vencia a primeira de suas 32 corridas na F1, era a Renault voltando ao degrau mais alto do pódio e a Marselhesa, hino francês voltando a ser tocado na F1, a última vez que isso tinha acontecido tinha sido com o francês Olivier Panis, vencendo em Mônaco de Ligier, em 19 de Maio de 1996, e a Beneton, que se tornou a Renault, venceu pela última vez na F1 em 27 de Julho de 1997, com o austríaco Gehard Berger, em Hockenheim. O alemão Michael Schumacher foi apenas 8° em Hungaroring.

Os GPs da Itália em Monza e dos EUA em Indianapolis, tiveram vitórias do alemão Michael Schumacher que partia rumo à sexta conquista de campeonato.

Grande Prêmio do Japão de 2003, fim de semana de 10, 11 e 12 de Outubro de 2003, Michael Schumacher precisava apenas de um 8° lugar para garantir o hexa campeonato mundial, ele mesmo disse: Rubens irá vencer e conquistarei o título!

Rubens largou na pole com 1:31:713, 0.699 abaixo do tempo do colombiano Juan Pablo Montoya no grid e o 3° no grid, foi o estreante Cristiano da Matta, piloto mineiro da Toyota, campeão da Champ Car, nos EUA em 2002. Estes três pilotos foram os únicos que se classificaram com pista seca, visto que, os demais treinaram no molhado, tendo Kimi Raikkonen largando em 8° e Michael Schumacher em 14°. Seria Kimi, mesmo vencendo apenas uma prova na temporada conquistar o título mundial?

Largada da prova, Barrichello mantém a ponta enquanto Schumacher faz uma corrida de recuperação vindo do meio do pelotão, Barrichello é ultrapassado por Montoya e não vem tendo bom rendimento, enquanto Schumacher lá atrás cometendo erros grosseiros, como batendo com seu irmão Ralf e se enroscando com outros pilotos, entre eles, Cristiano da Matta. Juan Pablo Montoya e Fernando Alonso abandonam a prova e o título de Raikkonen se aproximando, mas para isso, Rubens teria que não vencer a prova.

Após 53 voltas pelos 5809 metros do circuito de Suzuka, Rubens Barrichello vencia o Grande Prêmio do Japão, conquistando ali sua 7ª vitória na F1, local onde ele pontuou pela 1ª vez na F1, com um 5° lugar com a Jordan em 24 de Outubro de 1993, mesma corrida em que Ayrton Senna venceu pela última vez no Japão, era o Brasil voltando a vencer em Suzuka 10 anos depois.

A sensação da corrida foi o japonês Takuma Sato, da equipe BAR, que diante da torcida terminou em uma brilhante 6ª posição, o mineiro Cristiano da Matta foi 7°, enquanto Michael Schumacher em 8°, ao cruzar a linha de chegada, reescreveu a história, conquistando o hexacampeonato mundial da F1, superando a marca histórica do lendário Juan Manuel Fangio, conquistando 4 títulos em sequência assim como Fangio fez em 1954 de Marcedes/Masserati, 1955 de Mercedes, 1956 de Ferrari e 1957 de Masserati. Schumacher conquistava seu 6° título, o 4° seguido com a Ferrari, somado aos 2 conquistados pela Beneton em 1994, dia 13 de Novembro em Adelaide e em 1995 dia 22 de Outubro no Circuito Internacional de Okayama, em Aida no Japão.

A vitória de Barrichello garantiu o hexa de Schumacher, fato que fez com que Schumacher engolisse as palavras que disse que quando ao ser questionado sobre uma possível ajuda de seu companheiro de equipe, respondeu que nunca precisou da ajuda de Rubens para nada.

O dia 12 de Outubro de 2003 foi marcado pelo dia em que aquilo que muitos julgavam impossível, aconteceu. Era a história da F1 sendo reescrita 46 anos após o pentacampeonato de Fangio.