Projeto em tramitação no Congresso Nacional e feiras internacionais devem esquentar o mercado, aponta especialista
O Brasil é conhecido, mundialmente, por suas belezas naturais, carnaval e, ainda, o “País do Futebol”, mas este ano, em especial, ele tem a oportunidade de despontar em outro segmento, o Mundo dos Games.
Dados da consultoria Newzoo (2023), apontam o Brasil como o décimo maior mercado consumidor de games do mundo, com mais de 100 milhões de jogadores que gastaram 2,7 bilhões de dólares em 2022. Avalia-se que os jogadores brasileiros gastarão perto de 3,5 bilhões de dólares até 2025. Desde games consagrados em consoles como Playstation 5, Xbox Series e Computador (PC), até mesmo os joguinhos de celular, estão cada vez mais presentes na vida do brasileiro, como mostra a 10° edição da Pesquisa Game Brasil (2023), onde 70,1% dos brasileiros jogam jogos eletrônicos.
A presença dos gamers tem sido tão relevante nos últimos anos que o Congresso Nacional avalia o chamado Marco Legal dos Games, o PL 2.796/2021 (aprovado na Comissão de Educação do Senado na última terça-feira, 27 de fevereiro, que segue agora para o Plenário em regime de urgência). O projeto tem como objetivo definir regras para a indústria e consumo dos jogos eletrônicos no Brasil.
De acordo com a consultora especialista em Desenvolvedoras de Games, Investimentos Internacionais e Governança, Raquel Gontijo, da Lumos Economia Criativa, o Marco Legal dos Games, eventos internacionais de games realizados no país e a recuperação econômica nacional, podem ser fatores relevantes para o protagonismo do Brasil como produtor este ano, no segmento.
Raquel, que participa das discussões no Congresso Nacional sobre o Marco Legal dos Games, explica que ele é uma importante ferramenta para mostrar um amadurecimento do setor, tanto para o poder público nacional, quanto para a indústria como um todo. “O próprio Marco Legal, já aponta inclusive que o fato da gente estar chamando atenção do poder público, do governo federal, do Congresso Nacional, significa que nós estamos chegando num ponto de maturidade de setor, e está chegando a hora de começarmos a podar e a construir os formatos que a indústria precisa ter para as próximas décadas e que tipo de modelo que nós podemos e queremos coletivamente gerar”, explica.
Outro fator positivo para o país é a realização de eventos internacionais que vão ocorrer em solo brasileiro, como a Gamescom Latam, maior evento do mundo de jogos eletrônicos e será realizado em junho, e a Game Connection x Brasil Game Show, em marcado para outubro. “Os eventos internacionais são vitórias grandes pelo fato de tornar o Brasil, basicamente, o hub das Américas em termos de eventos e rodadas de negócios. Através destes eventos, definitivamente, os olhos estarão voltados para o Brasil”, explica Raquel.
A recuperação econômica do setor de tecnologia, após fatores como a quebra recente das Big Techs, com demissões em massa, aponta para um cenário favorável deste mercado no mundo em 2024, porém em um formato diferente. “Na quebra das Big Techs, teve um processo de retração, agora vemos movimentos financeiros internacionais para uma recuperação no setor, talvez já no segundo trimestre desse ano. Mas os formatos de investimentos a partir de 2024, provavelmente não virão do mesmo jeito que eles vinham acontecendo até então. O que isso significa? Que tanto em termos de volume, quanto da estrutura que as empresas e os investidores internacionais vão querer fazer, até pela questão de eles não terem tanto dinheiro disponível, terá que ser um formato que o mercado chama de “Smart Money”, ou seja, um trabalho mais focal, voltado para essa ideia do custo-benefício, de um processo mais inteligente”.
O Brasil que consome mais muito games do que produz, pode surfar nessa onda por meio de questões internas que vão além do Marco Legal dos Games, pois tem a seu favor, além de diversas outras questões, uma mão de obra atrativa para o mercado internacional, o que amplia o potencial de produção este ano, como explica Raquel. “Especificamente no mercado de jogos, a produção nacional, está entrando no que a gente pode chamar de uma etapa 2.0. Nós estamos entrando num outro patamar de maturidade e isso é uma coisa que já vem sendo apontada há algum tempo. Tivemos uma quantidade grande de aumento de empresas no país, aumento do interesse, aumento da quantidade de cursos de formação, de profissionais, uma área que teve um crescimento muito orgânico. Agora estamos passando de um ambiente de crescimento orgânico e natural para começar, realmente, a buscar formatos que sejam mais profissionais no funcionamento das empresas no país”.
Fonte: César Azevedo