A espécie de réptil é a mais comercializada ilegalmente no Brasil; animais foram transportados de São Paulo para Recife em ação conjunta
Uma ação conjunta entre Estado e Prefeitura de São Paulo, Polícia Rodoviária Federal e governo de Pernambuco está devolvendo mais de 130 jabutis-piranga (Chelonoidis carbonaria) ao seu habitat natural. Os jabutis, vítimas de comércio ilegal, foram recolhidos e tratados no Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres de São Paulo (Cetras-SP), da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil). Por não serem de uma espécie nativa do estado, os animais foram cuidadosamente transportados para Recife, com apoio da Polícia Rodoviária Federal e do Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres da Prefeitura de São Paulo (CeMaCAS). O processo de soltura foi iniciado neste domingo (17).
Os animais foram levados em caixas, com boa ventilação e alimento, e posteriormente ficarão no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres Tangará, antes de serem devolvidos à natureza. A diretora do Cetras-SP, Sayuri Fitorra, explica que as repatriações envolvem um esforço coletivo entre estados. “É uma viagem longa, mas a espécie é muito resistente. São muitos indivíduos, a maioria adultos e grandes, por isso optamos pelo transporte terrestre”, afirma.
Só no ano passado, 282 jabutis foram repatriados para o Espírito Santo. “O jabuti é uma espécie que não ocorre naturalmente aqui no estado de São Paulo. Por isso realizamos a repatriação para outros estados. Encaminhamos para diferentes áreas tentando distribuir os indivíduos”, ressalta a bióloga.
Sobre o Cetras-SP – Diariamente, animais silvestres de diferentes espécies chegam ao Cetras-SP por diferentes razões, sobretudo por apreensões, resgates e devolução voluntária. Em 2023, o centro recebeu 8.880 animais, sendo 4.613 provenientes de apreensão, 1.021 de entregas espontâneas, 3.118 vindos de resgates e 128 de outras origens.
Desde a chegada até o encaminhamento do animal – seja para instituições especializadas ou reintegração à natureza – há um longo caminho no processo de reabilitação, sendo a marcação individual apenas o início. O número de registros cresceu mais de 22% entre 2022 e 2023: foram 4.700 indivíduos registrados no primeiro ano e 5.770 no ano passado.
O Cetras-SP possui equipe técnica especializada para identificar a espécie, avaliar o estado físico, comportamental e a procedência do animal tão logo chegue ao Centro. Posteriormente, é feito o registro, por meio de anilha (no caso das aves), micro ou nanochip (principalmente répteis e mamíferos de pequeno e médio porte, aplicados via subcutânea ou intramuscular, com o auxílio de um aplicador específico, ou nas carapaças, nos casos de jabutis e cágados, por exemplo).
Cada instrumento possui uma sequência numérica única, que fica associada ao cadastro do indivíduo no banco de dados do Cetras-SP, contendo além de informações básicas (data do recebimento, sexo, espécie e procedência), a ficha com informações sobre a saúde do animal.
Estes microchips e anilhas funcionam como uma espécie de “RG” do animal, obrigatório e essencial para controlar a entrada e saída dos animais no plantel do Centro, rastreabilidade de exames realizados e também para a emissão de licenças de transportes.