A versão cênica de Paulo de Moraes, diretor da incensada Armazém Companhia de Teatro, para a obra-prima de Machado de Assis, traz o Bruxo do Cosme Velho para o centro da cena, como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato, direção musical de Ricco Vianna e direção de movimento de Patrícia Selonk e Paulo Mantuano. A temporada iniciada na semana passada no Sesc Santo Amaro, segue até o início de maio, sextas às 21h, sábados às 20h e domingos às 18h, para público a partir de 14 anos.
Foi a partir da 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, seguido por Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial Aires que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.
“Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que têm uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente”, declara o diretor Paulo de Moraes.
A dramaturgia de Brás Cubas, assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem.
“O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte”, comenta Paulo de Moraes.
A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas.
“Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, afirma o diretor.
A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.
“Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo”, finaliza Paulo.
Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. No segundo semestre de 2024, Brás Cubas será apresentado na Rússia em um Festival de Teatro, em outubro, e depois retorna à China para turnê em outubro e novembro.
Ficha técnica
Direção: Paulo de Moraes
Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça
Montagem da Armazém Companhia de Teatro
Elenco/personagens: Sérgio Machado (Brás Cubas), Jopa Moraes (Defunto), Bruno Lourenço (Machado de Assis), Isabel Pacheco (Virgínia), Felipe Bustamante (Quincas) e Lorena Lima (Marcela e Natureza).
Músico em cena: Ricco Viana
Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes
Iluminação: Maneco Quinderé
Figurinos: Carol Lobato
Cabeça do Hipopótamo: Alex Grilli
Direção Musical: Ricco Vianna
Direção de movimento: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano
Colaboração na Dramaturgia: Paulo de Moraes
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Designer Gráfico: Jopa Moraes
Mídias Sociais: Mariã Braga
Fotografias: Mauro Kury
Produção São Paulo: Pedro de Freitas e Adolfo Barreto / Périplo
Direção de Produção: Patrícia Selonk
Assistente de Produção: Maria Luiza Selonk
Coordenação do Projeto: Paulo de Moraes e Patrícia Selonk
Apoio Institucional: Banco do Brasil
Realização: Sesc SP
Serviço
Brás Cubas com Armazém Companhia de Teatro
Direção: Paulo de Moraes
De 22 de março a 5 de maio de 2024
Sextas às 21h, sábados às 20h e domingos às 18h
(Não haverá apresentação na Sexta-Feira Santa, dia 29 de março)
Local: Sesc Santo Amaro – Teatro
Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, São Paulo (SP)
Ingressos: R$ 18 (credencial plena), R$ 30 (meia entrada) e R$ 60 (inteira). Estão disponíveis
no aplicativo Credencial Sesc SP ou no site www.centralrelacionamento.sescsp.org.br, a partir
de 12/3; e nas bilheterias das Unidades do Sesc SP a partir de 13/3.
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das
10h às 18h30.
Duração: 110 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
270 lugares
Unidade Acessível
Fonte: Ney Motta | Arte Contemporânea Comunicação LTDA.