Com novo tema, representantes dos Grêmios Escolares voltarão a fazer os podcasts, que este ano vão gerar até um documentário
As oficinas de podcasts com os representantes dos grêmios curumins estão de volta. Serão 36 turmas de estudantes do 3º ao 5º ano de 18 escolas que já iniciaram, esta semana, as oficinas formativas. Nesta primeira fase, as crianças, entre 8 e 10 anos, participam de formações para definição de temas e introdução à elaboração de roteiro.
Na segunda e última etapa serão gravados podcasts na Universidade Metodista de São Paulo. Uma novidade é que, este ano, estudantes de graduação de Publicidade e Propaganda e de Rádio e TV da instituição farão uma espécie de “making of” com os bastidores das formações e gravações de algumas turmas, gerando um documentário do processo formativo.
As oficinas ocorrem em abril e a gravação dos podcasts será no mês de maio. As atividades já começaram esta semana nas EMEBs Ministro Francisco Quintanilha Ribeiro, Florestan Fernandes, José Martins, Inspetor Reinaldo José Santana (Piró) e Deputado Freitas Nobre.
A escolha do tema foi motivada pela sanção, pelo governo federal, em janeiro, da lei que inclui os crimes de bullying e cyberbullying no Código Penal, tornando a prática crime, e também por sugestão de várias diretoras de escolas. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério da Educação, 40% dos adolescentes em 2022 afirmaram já ter sofrido bullying. Em 2009, eram 30,9%.
Para Elisabete Marques, coordenadora do Núcleo de Gestão de Conselhos da Secretaria de Educação, há uma demanda pelo aprofundamento desse tema entre as crianças. “Ao lado das formações sobre uso seguro da internet, promovidas pelo Núcleo Social da Secretaria, acredito que a discussão sobre bullying com os grêmios vai estimular o respeito às diferenças”, explica. “É um aprofundamento do tema do ano passado, que foi ‘Cultura de Paz’. Além disso, os representantes dos grêmios que participam das oficinas de podcast vão levar a discussão para os colegas de classe.”
A missão dos curumins é importante: eles vão discutir o tema com os demais estudantes e terão a tarefa de definir perguntas para o encontro dos Grêmios Curumins com o prefeito Filippi no mês de maio, no evento “Fala Curumim”. As crianças vão apresentar ao prefeito como a escola tem enfrentado as situações de bullying e como a participação no Grêmio Curumim tem contribuído para a melhoria do ambiente escolar.
Sociodrama contra o bullying
As oficinas começam com a exibição de uma animação sobre bullying, seguida de discussões e debates em torno do tema. Os estudantes são estimulados a refletir e identificar situações de bullying na escola, na família e na comunidade, e a criar soluções de como lidar com as diferentes situações. Em seguida, eles têm contato com os conceitos de sociodrama, técnica utilizada nesta fase para trabalhar o tema.
O professor Roberto Joaquim de Oliveira, da equipe de formadores da Secretaria de Educação de Diadema, explica como a atividade ajuda no combate ao bullying. “Nós pegamos um fato qualquer da realidade, do cotidiano, e eles fazem uma encenação.
Depois fazemos a mesma coisa, mas com uma situação hipotética de bullying, por exemplo uma cena em que um xinga o outro de termos como ‘baleia’, ‘cabelo duro’, ‘quatro olhos’, ou ‘macaco’, que são situações que eles mesmos trazem do cotidiano da escola ou da comunidade”, relata. “Durante a atividade, mesmo sabendo que é uma encenação, percebemos que o agressor se sente mal. Xingar e agredir o outro é desagradável, e isso os leva a refletir que quem pratica o bullying também é afetado”.
Ele completa explicando que esse processo leva o grupo a entender a importância de respeitar o próximo, aceitar diferenças e conviver com elas, e que, se alguma brincadeira deixa o outro triste, então não é brincadeira. “Queremos também conscientizar os grêmios sobre o seu papel de representantes e protagonistas desse movimento de combate ao bullying, atuando como multiplicadores”, afirma Roberto.
Na opinião da secretária de Educação, Ana Lucia Sanches, os curumins são representantes de todos os estudantes, e o podcast é uma forma de dar voz às crianças e estimular a reflexão sobre um tema tão atual e delicado. “Sabemos que tanto o bullying como o cyberbullying são muito nocivos ao ambiente escolar e familiar, afetam a saúde mental e o desempenho das crianças na escola. É importante estimular o combate a essa prática na infância e adolescência, para termos gerações de jovens e adultos mais saudáveis.”
Depois das atividades de sociodrama, as crianças começam a aprender como se faz um podcast na prática, com abertura, vinheta, saudação, apresentação, e já participam da elaboração do roteiro com diferentes situações de bullying, que será a base para a próxima fase, de gravação nos estúdios da Universidade Metodista de São Paulo.