A economia brasileira segue patinando com desemprego e juros altos, inflação crescente e um cenário de pandemia que, apesar de relativamente controlado no país, gera apreensão em meio ao rápido avanço da variante Ômicron mundo afora.
Nesse contexto, os brasileiros vão às compras em mais final de ano atípico. Diante do cenário adverso, o comércio não deve esperar uma alta expressiva nas vendas. É o que avalia o economista Josilmar Cordenonssi, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“A expectativa com relação ao final do ano é que se mantenha o nível de vendas, em termos reais, do ano passado. Eventualmente pode subir um pouquinho, cair um pouquinho, mas não acredito em um forte crescimento, não”, afirma o economista em entrevista à Sputnik Brasil.
O período de festas no Brasil está acompanhado de alto desemprego e inflação recorde. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil atualmente figura em 12,6%, enquanto a inflação acumulada dos últimos 12 meses alcança 10,74% – o maior patamar desde 2003.
A pandemia também continua sendo um fator relevante para a economia, uma vez que pressiona os gastos do governo e esvazia lojas. Na avaliação de Cordenonssi, os setores de turismo, aviação comercial, hotelaria, bares e restaurantes são os mais impactados.
‘Ambiente hostil’ demanda cautela dos consumidores
Para o economista Josilmar Cordenonssi, a atual situação econômica cria um “ambiente hostil” para negócios no Brasil, o que influencia diretamente a taxa de desemprego. Segundo ele, esse cenário pode mudar ao longo do ano que vem, mas depende dos rumos da eleição presidencial.
“Se você tiver uma esperança de que o futuro vai ser melhor, de que a gente vai para um caminho mais sustentável de crescimento, esse ânimo dos empresários pode mudar. Por enquanto, [os empresários] estão segurando, porque o custo é muito alto de contratar um empregado e ter que demiti-lo logo em seguida”, aponta.
Cordenonssi avalia também que investidores estão fugindo Brasil graças à destruição da credibilidade fiscal do país através da aprovação da PEC dos Precatórios e da forma de financiamento do Auxílio Brasil. Esse conjunto de fatores garante um prognóstico negativo, segundo o especialista.
No início do mês, o Banco Central (BC) elevou a taxa de juros para 9,25% e adiantou que o indicador deve subir ainda mais no ano que vem. Ao elevar a taxa de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, salientou preocupações relacionadas ao “arcabouço fiscal do país”.
“A expectativa dos investidores é que a dívida pública vai começar a crescer muito rapidamente, então estão fugindo do Brasil. Isso mantém o dólar muito alto, realimentando a inflação, e o Banco Central vai ter que subir ainda mais a taxa de juros. Então, a economia não vai ter como crescer. O crescimento da economia vai ser próximo de zero, ou até teremos uma recessão. Essa é a expectativa para 2022”, explica o economista.
Diante do cenário de volatilidade, o professor do Mackenzie aconselha que os consumidores procurem poupar dinheiro durante as compras de final de ano, uma vez que o prognóstico econômico para o próximo ano é incerto e, por ora, pessimista.
“O ano que vem é um ano de eleição, que geralmente traz muita volatilidade ao mercado. O desemprego é alto, então o risco de ser demitido é alto, tem que tomar certo cuidado. É melhor poupar do que gastar”, aconselha Cordenonssi.