Uma pequena bandeira nas mãos de um gigante

Ayrton Senna sempre foi um piloto que desde cedo nas pistas nunca escondeu seu patriotismo e amor pelo Brasil, vistas as cores de seu capacete desde sempre, o verde e amarelo, e ao chegar à F1 não seria algo diferente.

O ano era 1986, Ayrton com apenas 26 anos de idade fazia sua 3ª temporada na F1, e em meio a Copa do Mundo do México, o país parava para torcer pela seleção brasileira em busca do tão sonhado e inédito tetracampeonato mundial, lembrando que o Brasil vencera as Copas de 1958 na Suécia, 1962 no Chile e em 1970 no mesmo México.

Foto pertencente ao Acervo do Instituto Ayrton Senna
Foto pertencente ao Acervo do Instituto Ayrton Senna

No dia 21 de Junho, o Brasil entrou em campo pelas quartas de final contra a França de Michel Platini, o jogo foi para os pênaltis e o Brasil acabou eliminado, dando adeus ao sonho do tetra, entristecendo e frustrando a torcida.

Mas o que este jogo tem a ver com Ayrton Senna e o Grande Prêmio de Detroit daquele ano? Ayrton Senna era piloto da equipe Lotus, que tinha além de homem forte como Gerard Decarrouge, toda a equipe mecânica formada por franceses, que não perdeu tempo ao provocar e tirar um sarro de Ayrton Senna pela vitória de seu país contra o país de Ayrton.

No domingo, dia seguinte à derrota do Brasil na Copa, Ayrton Senna estava mordido e queria mais do que nunca vencer a corrida para ao menos dar um pouco de alegria à torcida brasileira entristecida e resgatar um pouco daquele orgulho de ser brasileiro que só ele tinha, dando um troco nos franceses da Lotus.

Senna liderou a corrida com autoridade, deixando para trás dois franceses, Jack Lafiti e aquele que seria seu arquirrival na McLaren, o professor Alain Prost, que ao final daquela temporada de 1986 se sagraria bicampeão mundial de F1, em Adelaide, na Austrália.

Ayrton Senna cruzou a linha de chegada em 1°, derrotando os franceses, como se desse um troco imediato na derrota da seleção no sábado, e para coroar a vitória, Senna fez nascer um gesto que o imortalizaria em inúmeras vitórias nos 4 cantos do mundo.

Ao vencer a corrida, pegou uma pequena bandeira de um torcedor para comemorar sua vitória, não era apenas uma resposta aos franceses, mas sim o orgulho de ser brasileiro e cada brasileiro que ele carregou dentro daquele cockpit sa Lotus após sua 4ª vitória na F1.

Ayrton Senna mostrava ao mundo o orgulho de seu povo e de seu país, que dentro daquele capacete com as cores do Brasil, não havia apenas um corredor de F1, acima de tudo havia um brasileiro de alma, um da Silva como tantos brasileiros que ele carregou naquela volta da vitória nas ruas de Detroit.

Uma pequena bandeira e um eterno e inesquecível gesto mas mãos de um gigante, um menino de apenas 26 anos de idade que não tinha medo nem vergonha de ostentar e se orgulhar de sua nacionalidade, pelo contrário, lutava com raça, dedicação e empenho para levar ao seu país, um povo sofrido, um pouco de alegria nas manhãs, tardes e madrugadas de domingo.

Começava ali, naquele 22 de Junho de 1986 aquele gesto imortalizado, de erguer a bandeira após cada vitória na F1, nascido de uma derrota da seleção de futebol na Copa, da frustração e tristeza de uma torcida, o gesto que ficará para sempre na lembrança e no coração dos brasileiros, o de carregar o seu país aonde quer que fosse dentro do coração e de seu F1.

Como que um gesto tão grandioso de um gigante podia caber em um pequeno e apertado cockpit de um carro de F1? Só Ayrton Senna era capaz de explicar e provocar este tipo de emoção, alegria e orgulho aos brasileiros.

Ayrton Senna da Silva para sempre do Brasil!!!

Você jamais será esquecido!!!

Créditos:  Getty Images
Créditos: Getty Images
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14 comentários em “Ayrton Senna da Silva, um brasileiro de corpo e alma”

  1. Mais uma excelente matéria sobre o inesquecível Ayrton Senna! Parabéns Marcelo por estar sempre revivendo as memórias do nosso grande ídolo.

  2. Quanta emoção ao ler esse artigo! Vc como sempre , Marcelo, em o dom de nos transportar no tempo…. e que tempo sensacional foi este! Tempo este em que tínhamos esse destemido, bravo , incomparável e insubstituível piloto chamado Ayrton Senna da Silva! E que sim, trouxe de volta para nós, o orgulho de sermos brasileiro! Obrigada, Marcelo Maranello! Vc sem dúvida nos tbm muito orgulho com todo esse conhecimento “enciclopedicamente”(liberdade poética desta publicitária que vos fala) genial! Vc é uma dádiva!

  3. Sensacional!!! Não fazia ideia de que a tradicional “volta da vitória com a bandeira ” tenha origem no futebol. Obrigado por nos informar e levar para dentro dos fatos, Marcelo.

  4. Muito bom Marcelo, relembrar o gesto do Senna e ainda mais ligá-lo a derrota da seleção brasileira para a França me trouxe muitas lembranças. Mas um vez você mandou muito bem!! Parabéns, abraços

  5. Costumo ler muitas crônicas esportivas m, não só do automobilismo, como do futebol, voley e outros esportes e com todo respeito aos jornalistas que já li, Marcelo de Maranello é sem dúvida nenhuma o único que tem a capacidade de te colocar dentro da narrativa, pois, eu assisti esta corrida na TV da minha casa, mas hoje, ao ler esta matéria, eu estava em Detroit, ao lado do nosso eterno Ayrton Senna da Silva. Parabéns Marcelo!

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