Não existe receita perfeita, mas há, sim, melhores caminhos e estratégias que vão ajudar quem está sem emprego a encontrar um lugar ao sol no mercado de trabalho.
Após atingir o patamar recorde de 14,7% em 2021, a taxa de desemprego no país caiu para 12,1%, no trimestre encerrado em outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por outro lado, o rendimento real habitual, agora de R$ 2.449, recuou 4,6% com relação ao trimestre anterior e 11,1% frente a igual período de 2020.
Já a taxa de informalidade subiu para 40,7% da população ocupada, englobando 38,2 milhões de trabalhadores. No trimestre anterior, eram 40,2% e, no mesmo trimestre de 2020, 38,4% de pessoas com trabalho informal.
Afinal, há alguma área profissional com boas perspectivas?
Apesar da conjuntura econômica do país, a presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), Eliane Ramos, aponta saídas para driblar a concorrência em meio à falta de estímulos do Estado ao emprego.
Segundo a especialista, é possível apontar ramos profissionais mais promissores. Eliane explica que as áreas de finanças, investimentos e controladoria serão cada vez mais valorizadas, pois o mundo e o país vivem um momento em que é fundamental “ajustar custos e fazer mais com menos”.
“A engenharia também está muito em alta nas organizações, porque precisamos olhar para os números e aumentar a sustentabilidade das empresas”, indicou Ramos.
A especialista cita ainda as áreas de recursos humanos, vendas e marketing como essenciais para trazer soluções a novas demandas da atualidade. Segundo a especialista, as empresas buscam ações e projetos sobre como trabalhar melhor a marca e ajudar clientes.
Por último, a presidente do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil lembra que a área de tecnologia também dará muitas oportunidades devido a “uma escassez cada vez maior”.
“Há muitas dificuldade das empresas em encontrar profissionais qualificados. Não podemos esquecer que vivemos na era da tecnologia e do conhecimento. Precisamos de profissionais capacitados e atualizados”, afirmou.
Habilidades comportamentais
Muitas pessoas, com a falta de valorização e perspectivas em suas próprias áreas de atuação, passaram a buscar novos rumos profissionais.
Para realizar o movimento, porém, a especialista em RH alerta que é preciso estar atento às transformações e às exigências do novo mundo após o início da pandemia. Se antes já se requisitava agilidade, criatividade e multifuncionalidade, agora há mais ingredientes trazidos ou impulsionados pela pandemia de covid-19.
“O home office deixa de ser uma tendência e vira uma realidade. Não existe mais fronteiras. Algumas empresa vão continuar sua cultura como indústria, de comando e controle, mas para alguns cargos, entramos na era da confiança e da autorresponsabilidade”, disse Ramos.
Para Eliane Ramos, as principais tendências de recrutamento para 2022 vão depender não só das capacidades técnicas, mas “fundamentalmente das habilidades comportamentais”.
A especialista indica que os profissionais precisam se capacitar com conceitos de inteligência emocional e de empatia e aprimorar o trabalho em equipe. A especialista diz que é importante ainda entender a diferença entre profissão e carreira.
“Profissão é o conceito que aprendemos na escola e carreira é aquela que optamos seguir. Enquanto a primeira está relacionada ao que se estuda, a segunda é o caminho a se escolher”, disse Ramos, explicando que cursou psicologia, mas não seguiu para a área clínica, e sim para o universo corporativo.
Como se planejar para o mercado desde a faculdade
Com o desemprego alto e a maior concorrência no mercado de trabalho, quem possui menos experiência larga atrás. É o caso dos jovens recém-formados. A quantidade dos chamados “nem-nem”, ou seja, pessoas que nem estudam, nem trabalham, disparou durante a pandemia.
Segundo levantamento da consultoria IDados, publicado pelo jornal Estadão, 12,3 milhões de jovens de até 29 anos estavam nesta situação até o segundo trimestre de 2021. O número representa 30% do total de pessoas nesta faixa etária.
A pesquisa aponta que houve um incremento de 800.000 pessoas neste grupo com a pandemia. No primeiro semestre de 2019, a taxa de “nem-nem” era de 27,9%.
Uma dica da especialista para evitar que mais jovens caiam na mesma armadilha é buscar fazer “um bom networking com colegas e professoras da faculdade”, saber utilizar as redes sociais em prol do trabalho e aproveitar sites de buscas de emprego.
Além disso, ela aponta que é fundamental elaborar um bom currículo, direto e objetivo, com português claro e correto.
“Nas redes, é importante desenvolver uma marca pessoal, entendendo sobre o que se fala no mundo atual. É preciso também se preparar para entrevistas, ser coerente nas respostas e trazer as experiências, mesmo as da faculdade, de escola ou de intercâmbios. E é fundamental confiar em si para passar esta impressão ao recrutador”, pontuou.
Ramos aconselha ainda que os jovens busquem o aprendizado constante, entendendo novas ferramentas digitais e realizando cursos on-line gratuitos.
“O aprendizado constante é fundamental para o sucesso em qualquer profissão. Várias empresas dizem que terão dificuldades de encontrar essas pessoas no mercado. Então, foque na área de tecnologia, na formação de novos conhecimentos e em se adaptar a mudanças”, indicou.