Dona Ruth fala sobre entendimento do neto em relação a morte da cantora, levantando a importância do acolhimento para cada idade

Lidar com a separação e a saudade daqueles que amamos e não estão mais entre nós é sempre tarefa difícil para cada pessoa que vivencia o luto de maneira particular. Neste fim de semana, o assunto veio à tona mais fortemente com o primeiro tributo em homenagem à cantora Marília Mendonça, que faleceu em 2021 em uma tragédia aérea. Na época, o filho da cantora com o também cantor Murilo Huff, Leo, tinha apenas um aninho de idade. Segundo a mãe de Marília, Dona Ruth, o menino tem ciência de que ela não está mais neste plano.

“A gente sempre mostra vídeo, mostra música, estamos mostrando para ele aos poucos… Ele já entende que ela morreu, ele é muito inteligente. Vai crescendo e vai entendendo como é a vida. E ele está crescendo saudável, lindo, maravilhoso, falante. É a primeira homenagem que o Leozinho vai ver da mamãe, está muito emocionado”, declarou dona Ruth Moreira.

Logo após o falecimento da mãe, Leo chegou a ter diabetes emocional. Isso traz um alerta de que o luto é uma resposta natural do comportamento humano diante da perda de algo ou alguém, sendo um processo normal que não deve ser reprimido ou banalizado independente da faixa etária.

As crianças, por exemplo, elaboram o luto a partir de um modelo subjetivo, com características específicas condizentes com sua maturidade, sendo necessário permitir que ela compartilhe seus sentimentos. “A criança tem no adulto a confiança de que este é detentor de todas as respostas, o silêncio neste processo, pode dar espaço para sentimentos como medo, insegurança, culpa e até mesmo sensação de abandono por parte da criança”, sinaliza a psicanalista e proprietária do Instituto Soul Laços, Joyce Feliciano.

A especialista faz parte do projeto Mãos que Acolhem, da OSSEL Assistência (Organização Sorocabana Seol Empreendimentos de Luto), que há 36 anos atua no segmento funerário. A parceria resulta em encontros mensais, que acontecem todas as primeiras quartas-feiras de cada mês, gratuitamente, no espaço da OSSEL Assistência, em São Caetano.

“A OSSEL é uma marca que não para. Sempre buscamos inovar, acolher e apoiar a todos que nos procuram. Trabalhamos com um serviço que as pessoas não querem parar para pensar, mas é inevitável a vida de todos e de quem amamos. Estamos sempre prontos para, com dignidade, estarmos juntos nesses difíceis momentos”, assinala Natalia Diniz, diretora da unidade Velório de São Caetano e também psicóloga e responsável por criar o projeto Mãos que Acolhem.

O objetivo é falar sobre o luto, a fim de levar acolhimento e abrangência a quem se encaixa neste processo, seja ele mais recente ou mesmo distante, afinal de contas, aceitar a partida de um ente querido faz parte de um processo doloroso e que leva tempo.

“Na literatura nos deparamos com as diferentes fases de luto (Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação), mas vale ressaltar que a vivência de cada uma destas fases não é um processo linear, pois varia de acordo com o vínculo, bem como outros fatores referentes a causa da morte, a forma com que se ocorreu e até mesmo como se estabelecia a relação entre ambos. Por exemplo, perder alguém após uma briga, pode acarretar sentimentos adicionais ao processo de luto, como culpa, remorso e desamparo”, analisa Joyce.

Fonte: Maxima SP

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