Contrariar o bom senso e a responsabilidade têm sido a lógica de Bolsonaro. Depois de negar a gravidade da pandemia, que ultrapassou as 600 mil mortes em nosso país, de não comprar vacinas quando deveria, não ter proposto uma única medida de geração de emprego e renda desde que tomou posse e de não enfrentar a fome que está assolando o Brasil, agora resolveu vetar um projeto que levaria o mínimo de dignidade para adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade.

Aprovado pelo Senado em setembro, Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorvente menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema.
Nenhuma sensibilidade!

A justificativa enganosa do presidente é que o projeto não prevê de onde sairia o dinheiro para a iniciativa, porém, em verdade, o texto prevê uso da verba destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A medida, tardiamente tomada, tem como objetivo combater a precariedade menstrual, identificada como a falta de acesso ou a falta de recursos que possibilitem a aquisição de produtos de higiene no período menstrual.

Tal condição é tão grave que existe até um termo para isso chamado ‘pobreza menstrual’. Pode parecer um item extremamente barato, mas dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que, no Brasil, 25% das meninas entre 12 e 19 anos deixaram de ir à aula alguma vez por não ter absorventes.

Muitas pessoas em situação de pobreza menstrual, que seriam as atendidas pelo projeto, não conseguem realizar de três a seis trocas diárias de absorventes, conforme a indicação de ginecologistas, improvisando com roupas velhas, jornal ou plástico. Reportagem do Fantástico mostrou que algumas chegam a usar miolo de pão como alternativa!

Bolsonaro justifica essa falta de empatia, de sensibilidade, de humanidade, ao dizer que o governo não tem dinheiro para comprar um simples absorvente. Mas quem aqui se lembra que diante da disputa pelos comandos da Câmara e do Senado no início do ano, o governo abriu o cofre e destinou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores aplicarem em obras em seus redutos eleitorais?

Ou quem se lembra dos gastos milionários com leite condensado, carne para churrasco, chicletes e bebidas para o Exército?

Será que falta dinheiro ou bom senso e um pouco de humanidade para o pior presidente da história do país?

Luiz Fernando Teixeira Ferreira é deputado estadual (PT-SP)

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