Sommelier da Banca do Ramon ensina o método correto de harmonizar e saborear um bom vinho com o Acarajé, um dos pratos mais conhecidos do Brasil.

O acarajé é um dos pratos mais conhecidos do Nordeste e do Brasil. Capturando a essência baiana, é uma receita única e de sabores intensos. Por esse motivo, a combinação com vinho pode parecer inusitada, mas Jamil Abdala, sommelier da Banca do Ramon, ensina como fazer a harmonização ideal.

Harmonização de acarajé com vinho

Com feijão fradinho, cebola, gengibre, azeite de dendê, camarão seco, caruru, vatapá e pimenta, o acarajé tem sabores muito particulares e abundantes, o que faz com que a harmonização de vinhos seja mais desafiadora, mas não impossível.

Jamir Abdala, sommelier da Banca do Ramon, afirma que o toque apimentado da receita é o que faz com que a seleção do vinho seja mais complicada. “O vinho não pode ‘brigar’ com uma parte tão importante da receita. A pimenta cria sensações no paladar que não devem ser apagadas. Faz parte da experiência”.

Na hora de harmonizar, portanto, um vinho branco refrescante equilibra o palato e não entra em conflito com a picância do acarajé, como o Casalforte Pinot Grigio.

Um vinho tinto poderoso, mas balanceado, também cai bem – a dica é o Escorihuela Pequeñas Producciones Syrah.

Casalforte Pinot Grigio

Ideal para os dias de calor, o Casalforte Pinot Grigio é feito com a Pinot Grigio (ou Pinot Gris), uma uva de casca violeta acinzentada que produz vinhos brancos, minerais e secos.

O rótulo Casalforte vem de Veneto, uma importante região produtora de vinhos localizada no nordeste da Itália.

Em um tom translúcido amarelado, seu aroma contém notas cítricas e traços de gengibre e flor de laranjeira.

O sommelier explica como esse vinho é uma boa opção de harmonização para a receita baiana. “O Pinot Grigio funciona bem com a fritura e os condimentos do acarajé porque a acidez equilibra os sabores ricos do camarão e do azeite de dendê”.

Escorihuela Pequeñas Producciones Syrah

O argentino Escorihuela Pequeñas Producciones Syrah, proveniente da região vinícola de Mendoza, é um tinto de tom vermelho-rubi intenso, com notas aromáticas de frutas vermelhas (cereja e framboesa), baunilha e café torrado.

É elegante e estruturado, com taninos macios e encorpados. O final é longo e frutado. Por conta dessas características, é uma ótima opção para harmonizar com receitas de sabores robustos, como é o caso do acarajé.

“A uva Syrah tem a intensidade ideal para se destacar em relação ao sabor do acarajé, o que cria um contraste interessante”, declara Abdala.

Origem do acarajé

A receita do acarajé chegou ao Brasil na época da colonização com os escravizados do Golfo do Benim, na África Ocidental.

No idioma iorubá, “akará” significa bola de fogo, enquanto “jé” é comer. A tradução da palavra, portanto, é “comer bola de fogo”. O significado vem da lenda de Xangô e sua esposa Iansã, que cuspiram labaredas de fogo após comerem um alimento feito na casa de Ifá (oráculo africano).

Pela base religiosa, o acarajé é considerado sagrado por muitas pessoas. Quando é oferecido aos orixás, deve ser preparado somente por filhos de santo e a receita (apenas frita) não pode ser modificada.

O acarajé começou a ser vendido ainda no período da escravidão e se tornou uma forma de arrecadar dinheiro para os terreiros. Na época, era uma comida consumida apenas pelos negros (escravizados e livres), pobres e moradores de rua, sendo dispensada por membros de classes sociais mais elevadas.

Hoje, juntamente com as baianas do acarajé, o prato é um dos maiores símbolos da Bahia. Em 2002, foi instituído como Patrimônio Cultural de Salvador. Já em 2005, o Ofício das Baianas de Acarajé foi inscrito no Livro dos Saberes pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 25 de novembro comemora-se o Dia Nacional das Baianas do Acarajé.

Outros lugares também reconhecem a importância do acarajé. No último mês de outubro, o governo do Rio de Janeiro registrou no Diário Oficial a intenção de tornar a receita um patrimônio histórico e cultural do estado.

Sobre a Banca do Ramon

A Banca do Ramon foi uma das primeiras lojas abertas no Mercado Municipal de São Paulo, em 1933. Ao longo de sete décadas, o empório se consolidou como um dos comércios mais procurados do Mercadão devido à qualidade de atendimento e a variedade de mais de 6 mil produtos diferentes, incluindo vinhos, azeites, temperos, conservas, embutidos, queijos, chocolates, bacalhau e muito mais.

Fonte: Hedgehog Digital

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