ONG Ficar de Bem analisa dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e destaca serviços de proteção durante o ‘Maio Laranja’
O mês de maio marca uma das campanhas mais importantes de mobilização social no Brasil, o ‘Maio Laranja’, voltado à conscientização e combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. A campanha tem como símbolo uma flor, representando a infância e a necessidade de cuidado e proteção para reduzir os danos causados pela violência infantojuvenil.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, foram registrados no Brasil 1 estupro a cada 6 minutos entre crianças e adolescentes. Um total de 83.988 vítimas de estupro e estupro de vulnerável. Entre 2021 e 2023 os estupros aumentaram em 91,5%.
“Os números oficiais já são alarmantes, mas representam apenas a ponta do iceberg. O cenário no Brasil é grave e exige ação contínua e articulada entre Estado, sociedade civil e escolas. A prevenção precisa começar cedo, com informação, acolhimento e políticas públicas eficazes. Nenhuma criança pode crescer achando que a violência que sofre é normal”, destaca Lígia Vezzaro Caravieri, gerente técnica institucional da ONG Ficar de Bem, instituição dedicada à proteção integral e à defesa dos direitos de crianças, adolescentes, mulheres, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade.
A pesquisa ainda revela o perfil das vítimas, no qual, 76% eram vulneráveis, 88,2% do sexo feminino e 52,2% negras. Além disso, outro ponto alarmante, os casos de estupro em crianças até 13 anos somam 61,6%, 18% entre 5 e 9 anos e 11,1% entre 0 e 4 anos.
“A maioria dos casos de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes ainda permanece silenciada, seja por medo, vergonha ou por envolver pessoas próximas à vítima. É um ciclo de violência que se perpetua justamente no silêncio e na invisibilidade. Por isso, é essencial fortalecer as redes de proteção e incentivar a denúncia como um ato de cuidado e responsabilidade coletiva”, completa Ligia.
Segundo o Anuário, 64% dos agressores são de convívio familiar com a vítima, enquanto 22,4% são conhecidos, reforçando a fala da Lígia de que a maioria dos casos acontece por pessoas próximas às vítimas. Em 2024, a ONG Ficar de Bem atendeu 1.138 crianças e adolescentes que sofreram alguma violência, sendo 103 vítimas de abuso sexual e 75% do sexo feminino.
A profissional da ONG alerta ainda para sinais que devem ser levados a sério e considerados com cautela para garantir a segurança e o bem-estar de crianças e adolescentes. “Mudanças de comportamento são frequentemente os primeiros indícios de que algo está acontecendo. Uma criança muito falante pode ficar mais quieta, enquanto outra, antes mais retraída, pode se tornar excessivamente comunicativa. Outras mudanças podem ser a recusa em ir à escola, agressividade, tristeza, regressões comportamentais, como voltar a fazer xixi na cama, uso de expressões adultas ou quando a criança deixa de aceitar toques rotineiros, como abraços, que antes eram comuns”, pontua a especialista.
A ONG Ficar de Bem atua há mais de três décadas na proteção integral de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e na defesa de seus direitos, realizando campanhas de conscientização além de oferecer assistência psicossocial gratuita e apoio especializado às vítimas e suas famílias. Para mais informações acesse ficardebem.org.br.
Sobre Ficar de Bem A ONG Ficar de Bem é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosos, que há 36 anos defende os direitos e oferece apoio integral a crianças, adolescentes e suas famílias, além de idosos, mulheres e pessoas em situação de rua, vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência. Fundada em 1988 como CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD – pelo pediatra Emílio Jaldin Calderon, a instituição atualmente é presidida pelo empresário Evenson Robles Dotto e conta com núcleos de atuação em Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Com 18 serviços voltados para prevenção, acolhimento e suporte social, além de coordenar o Bom Prato na região do ABC, a ONG mantém parcerias com o poder público – Prefeitura de Santo André, de São Bernardo e Diadema – que possibilitam a ampliação e sistematização do atendimento, rompendo ciclos de violência e promovendo relações de cuidado e respeito. Reconhecida por sua transparência e eficiência, a Ficar de Bem possui certificações e prêmios e é declarada Utilidade Pública em níveis municipal, estadual e federal, atuando conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reafirmando seu compromisso com uma sociedade justa e igualitária. Além disso, a instituição está pelo terceiro ano consecutivo na lista das 100 melhores ONGs do Brasil.
Fonte: Maxima SP |