O governo brasileiro se opôs à ideia apresentada em Genebra para aumentar em 50% o orçamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Embora o projeto seja defendido pela cúpula da principal agência de saúde do mundo e apoiado por governos europeus e africanos, o Itamaraty está cético com relação à proposta de elevar o orçamento da OMS via contribuição.
Com as contribuições obrigatórias dos governos, o aumento de 50% permitiria que a entidade contasse com US$ 1,2 bilhão (R$ 7,06 bilhões) extra para lutar contra surtos, epidemias e lidar com desafios de saúde pública.
Cada país paga com base em um cálculo que inclui o tamanho de seu PIB, condições de desenvolvimento e outros fatores.
No caso brasileiro, a contribuição para a OMS chega a US$ 15 milhões (R$ 81,5 milhões) por ano, o que coloca o país na sétima colocação entre os maiores contribuintes.
Apesar da pressão por aumentar recursos, governos alegam que a instituição não é transparente o suficiente, e tampouco eficiente em sua gestão para justificar um aumento de dinheiro público.
Para o Itamaraty, o debate sobre o fortalecimento da OMS precisa estar baseado em “novas premissas”, escreve o portal UOL.
A entidade sustenta que qualquer decisão sobre o aumento de orçamento precisa estar acompanhada de relatórios sobre ganhos de eficiência, redução de custos, governança e transparência.
O Brasil não está sozinho em sua recusa em negociar o novo aumento. Japão e outros governos tampouco consideraram a proposta como um passo sustentável, cobrando maior transparência por parte da organização.
No auge do primeiro ano da crise sanitária, em 2020, governos exigiram que o trabalho da OMS passasse por uma espécie de auditoria e que reformas fossem propostas.
Internamente, o temor da OMS é de que, sem esse incremento de recursos, os próximos anos serão testemunhas de uma marginalização gradual da instituição. Outro cenário é que doadores privados acabem dominando a agenda da agência.
Atualmente, a Fundação Gates é a maior doadora da entidade, com US$ 775 milhões (R$ 4,2 bilhões) no orçamento de 2022 e 2023.
O problema é que apenas US$ 200 milhões (R$ 1,08 bilhão) vão para o orçamento regular. O restante é usado com base nas orientações da Fundação Gates.
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